Em Gênesis 2:6, Lutero escreve:
Aber ein NEBEL ging auf von der Erde und feuchtete alles Land
O termo (as caixas altas são nossas) deriva da raiz *nebh-, a mesma que nos dará nuvem. Na Vulgata, entretanto, lemos
sed FONS ascendebat e terra, irrigans universam superficiem terræ
Na Bíblia de 1909 de Reina Valera, o lema é diverso:
Mas subía de la tierra un VAPOR, que regaba toda la faz de la tierra
Em King James, a escolha tem ainda outra raiz, *meigh-, que nos terá dado, provavelmente, o xulo ‘mijo’
But there went up a MIST from the earth, and watered the whole face of the ground
O momento é decisivamente seminal. Em 2:7, enfim (não do ‘pó’, como erram muitas traduções, mas do ‘barro’, sendo a questão, conforme chovera, de solução naturalmente lógica), Deus forma Adão.
É preciso, se tanto no seu íntimo, que tenha o leitor qualquer distanciamento familiar ao que subia, ou fazia-se subir, naquele instante, desde o chão da terra.
Aqui, claro, não por lógica nenhuma, posto as raízes *kwep-, de ‘vapor’, que dará inclusive no ‘cozer’, e *dhen-, do lema latino ‘fons’, que nos traz o ‘fluir’, serem, junto às anteriores, cada uma ungidamente verisimilis. Mas, isto sim, por um motivo em nada menos importante: o apreço.
A pessoa é bom que tenha perto do coração suas palavras. Gênesis 2:6 é um destes inescapáveis, quem sabe mágicos, relicários da cultura que habitamos.
Na memória que transcorre, turvar-se-á o porvir – véu que ascende – apenas para ilha e salvação reencontrarem-se férteis em novo nascimento.
No belo verso de Isaías, não é senão isto o que a Septuagenária Septuaginta recorda, em 45:16,
ἐγκαινίζεσθε πρός με νῆσοι